Você está mesmo gerindo seu time ou só apagando incêndios?
Da urgência à estratégia: liderando com propósito
Na linguagem do dia a dia corporativo, a metáfora do “apagar incêndios” é recorrente. Ela traduz a sensação de correr de problema em problema, sempre em estado de urgência, sem tempo para planejar ou refletir. Muitos líderes, ainda que bem-intencionados, confundem essa rotina de crises com o verdadeiro ato de gerir. Mas será que lidar constantemente com emergências significa exercer boa gestão?
A gestão de pessoas e processos não é apenas uma resposta imediata a imprevistos. É, sobretudo, a capacidade de criar condições para que imprevistos se tornem menos frequentes e menos devastadores. Um gestor que se vê todos os dias apagando incêndios, no fundo, pode estar administrando as consequências da falta de estratégia, comunicação clara ou alinhamento de expectativas.
O bom gerenciamento exige visão de médio e longo prazo. Significa conhecer as competências da equipe, identificar gargalos antes que se tornem crises e investir no desenvolvimento das pessoas. Significa estruturar processos, criar fluxos de informação transparentes e garantir que cada membro do time saiba exatamente onde está e para onde deve ir.
Já o gestor que vive sob o domínio da urgência, ainda que esteja presente e ativo, corre o risco de se tornar um "resolvedor de problemas" e não um líder. Esse perfil gera dependência: a equipe espera pelo comando em cada situação crítica, e a autonomia não floresce. A consequência é um ciclo vicioso — quanto mais centralizada está a solução dos incêndios, mais incêndios surgem.
A verdadeira gestão, por outro lado, é quase invisível no cotidiano. Quando processos funcionam, quando as pessoas estão motivadas, quando os indicadores são acompanhados de perto, o número de crises diminui. A equipe trabalha com mais segurança, previsibilidade e propósito. Nesse cenário, o gestor deixa de ser bombeiro e assume o papel de arquiteto, construindo estruturas sólidas que reduzem riscos e potencializam resultados.
No entanto, é importante reconhecer que emergências sempre existirão. O diferencial está em como o líder as encara: se como um episódio pontual que pode gerar aprendizado ou como o centro de sua rotina. A gestão madura transforma crises em oportunidades de melhoria, sem permitir que elas ditem o rumo do time.
Em última instância, a pergunta “você está mesmo gerindo seu time ou só apagando incêndios?” é um convite à reflexão sobre prioridades. Se a maior parte do seu tempo é consumida pelo imediato, talvez esteja faltando espaço para o estratégico. Se os mesmos problemas se repetem, talvez não seja o fogo o problema, mas sim a ausência de prevenção.
Gestão não é correr atrás do prejuízo, é construir as condições para que o futuro seja menos caótico. Apagar incêndios pode ser inevitável em alguns momentos, mas não pode ser o modelo de liderança. O gestor que compreende isso deixa de viver à mercê das chamas e passa a ser o responsável por acender luzes.



Excelente reflexão! Contudo, acredito que a grande dificuldade esteja em identificar que a recorrência de problemas é um problema que tem resultado em uso de medicamento continuo, visitas mais frequentes ao médico da telemedicina, já que o deslocamento atrasa as tarefas do dia a dia e que estar doente é um problema e não o tipo de remédio que tem de ser tomado, por fim , ou está tudo errado ou o mundo acabou e nós ficamos .