Palhaço no picadeiro rende mais que certos diretores!
Quando a régua da produtividade só mede o andar de baixo e esquece os improdutivos do topo.
A música “Viva o Palhaço” fala de alguém simples, de carne e osso, que não gera riqueza, mas é celebrado pela alegria que traz. No circo, sua “improdutividade” é justamente o que dá sentido ao espetáculo.
Agora pense na empresa, que anunciou recentemente a demissão de milhares de funcionários alegando improdutividade.
Mas o que, afinal, significa ser produtivo?
O Brasil é conhecido mundialmente pelos baixos índices de eficiência no trabalho. É fato. Mas será que a régua usada foi aplicada de forma justa?
Enquanto isso, no andar de cima das empresas, não faltam reuniões intermináveis, boards cheios de apresentações que ninguém lê e decisões que nunca saem do papel.
Se houvesse telemetria para medir a real utilidade de certas diretorias, será que todos estariam seguros em seus cargos?
E falando em telemetria… segundo a Folha de São Paulo, há indícios de que os cortes foram baseados em softwares que monitoravam o uso dos computadores: cliques, acessos, tempo de tela.
Mas produtividade é só teclado e mouse?
Esse sistema continuará funcionando agora? Ou já cumpriu seu papel de justificar cortes?
E quem vai vigiar os executivos e diretores improdutivos? Aqueles que devoram recursos em lanches da tarde infinitos, muitas vezes formando um verdadeiro exército de esfomeados, em secretárias que mal sabem redigir uma carta, ou em viagens para reuniões que poderiam ser feitas por vídeo.
No circo, o palhaço é celebrado mesmo quando tropeça.
No andar de baixo, o funcionário é dispensado se não bate a meta criada pelos improdutivos do andar de cima.
E o andar de cima? Segue intocado, cheio de inúteis, consumindo recursos desnecessários, enquanto o verdadeiro espetáculo — o trabalho — sofre.
Talvez seja hora de refletir: estamos medindo produtividade da forma certa? Ou a sociedade está transformando o trabalho em um grande circo sem graça — com lona e plateia — mas sem palhaços


