O perigo de um Judiciário sem Justiça
Quem, como eu, conviveu por mais de três décadas com membros do Judiciário e cursou por três anos a ciência do Direito — mas desistiu ao perceber a brutal distância entre a teoria e a prática — reconhece com clareza o momento terrível que atravessamos.
Infelizmente, nosso Judiciário está politizado. As leis são interpretadas conforme o nome na capa do processo ou a conveniência do momento. É um cenário de corrosão silenciosa e contínua daquilo que deveria ser o último bastião de proteção da sociedade.
A questão é ainda mais grave: trata-se da sobrevivência do único sistema que pode nos defender de abusos. Quando esse sistema falha, não sobra escudo para ninguém.
O risco é evidente: os que hoje aplaudem a injustiça, amanhã podem ser suas vítimas.
A história não nos deixa esquecer:
Na Revolução Francesa, líderes que vibravam com a queda de seus inimigos terminaram na mesma guilhotina.
Na Alemanha nazista, aliados próximos de Hitler foram eliminados quando se tornaram incômodos.
Na União Soviética de Stalin, muitos que apoiaram expurgos acabaram acusados de traição.
O mecanismo da injustiça, uma vez colocado em movimento, não tem freios — e engole sem piedade amigos e inimigos.
É disso que se trata. O que está em jogo não é a vitória de um lado ou de outro. O que está em jogo é a própria noção de justiça como limite do poder.
Sem ela, o futuro não é de liberdade nem de democracia, mas de medo e submissão.


