O Berço da Produtividade: Da Administração Científica às Raízes da Improdutividade
Como a produtividade virou ciência — e a improdutividade, um campo de estudo
Por que alguns funcionários rendem mais do que outros? Essa pergunta, que ainda inquieta empresas modernas, começou a ser investigada sistematicamente há pouco mais de um século, quando o ritmo da industrialização exigia respostas rápidas e objetivas. Foi nesse cenário que nasceram os primeiros estudos sobre produtividade — e, por consequência, sobre improdutividade.
A Era da Administração Científica
No final do século XIX e início do século XX, as fábricas cresciam em ritmo acelerado com a Segunda Revolução Industrial. A gestão do trabalho, até então empírica e pouco organizada, já não dava conta de tamanha demanda.
Foi nesse contexto que o engenheiro norte-americano Frederick Winslow Taylor ganhou destaque. Considerado o “pai” da Administração Científica, Taylor acreditava que o trabalho poderia ser estudado cientificamente para encontrar a “melhor maneira” de executar cada tarefa. Em Princípios de Administração Científica (1911), ele defendeu a padronização de métodos, o controle rigoroso de ferramentas e movimentos e a aplicação de recompensas e punições como forma de aumentar a produção.
Para ele, improdutividade era sinônimo de desperdício — tempo, esforço e recursos. Bastava aplicar os métodos certos para eliminá-la.
A Virada Humana: Escola das Relações Humanas
Mas a fábrica não era apenas uma máquina. Nas décadas de 1920 e 1930, um novo olhar surgiu com os famosos Estudos de Hawthorne, conduzidos por Elton Mayo.
O que começou como um experimento sobre iluminação no ambiente de trabalho revelou algo surpreendente: não eram apenas fatores físicos que influenciavam a produtividade, mas também fatores sociais e psicológicos. Atenção, reconhecimento, sentimento de pertencimento e moral do grupo mostraram-se determinantes para o desempenho.
Enquanto Taylor via o trabalhador como parte de uma engrenagem, Mayo o enxergava como parte de um organismo social. A improdutividade, então, passou a ser associada também a problemas de relacionamento, falta de motivação e insatisfação.
O Estudo da Improdutividade como Campo Próprio
Com o avanço das teorias de gestão e da psicologia organizacional, a improdutividade deixou de ser apenas o “outro lado da moeda” da produtividade. Ela ganhou espaço como objeto de estudo em si, com causas reconhecidas como multifatoriais:
De gestão: falhas de planejamento, comunicação precária, liderança ineficaz.
Individuais: desmotivação, problemas pessoais, falta de treinamento.
Organizacionais: excesso de burocracia, clima de trabalho tóxico, ausência de propósito claro.
Os estudos sobre produtividade nasceram da necessidade de eficiência da era industrial, evoluíram para uma compreensão mais humana com Elton Mayo e continuam a se desenvolver em busca de equilíbrio. A pergunta que surgiu há mais de cem anos permanece atual: como criar ambientes onde as pessoas queiram — e consigam — dar o seu melhor?




