Neurobusiness - Comportamento inato versus adquirido.
Dos mais de 33 anos de experiência profissional que possuo, por 27 anos atuei diretamente na área da Tecnologia da Informação - TI, iniciando como digitador, passando por diversos cargos até terminar como gerente de TI. Desse tempo, por vinte anos seguidos ocupei apenas cargos técnicos. Observo que, geralmente os profissionais de TI com perfis técnicos têm grandes dificuldades em lidar com pessoas, é muito comum serem menos sociáveis, sendo mais hábeis em lidar com computadores e sistemas do que com pessoas. Quando assumi meu primeiro cargo de gestão tive que desenvolver competências gerenciais.
Posteriormente, ao ascender para o cargo de gerente geral, desenvolvi novas habilidades visando o crescimento da empresa, o meu crescimento profissional e pessoal de modo sustentável.
Boa parte do que foi descrito acima, podemos atribuir a comportamentos adquiridos ou apreendidos, pois, para conseguir ascender aos cargos gerenciais, primeiro adquiri o comportamento de liderança e autogestão ainda em posição técnica.
Posteriormente, já em cargos gerenciais, o comportamento de gestão de pessoas. Por fim, por conta da expansão de temas a serem tratados e pessoas a serem geridas, adquiri comportamentos de alta gestão.
Anotado o ponto acima, concordo com o filósofo John Locke (1632-1704) e com o psicólogo John B. Watson (1878-1958), pois pude experimentar que o ambiente teve muita influência sobre os mecanismos de formação da minha memória.
Por outro lado, também concordo com René Descartes (1596-1650), pois tenho um filho de 8 anos com necessidades especiais (síndrome de Down) que mesmo sendo bastante estimulado, por ora, atingirá certo nível intelectual, limitando-se dentro de uma determinada faixa. Digo, pois, isso é o que geralmente ocorre com pessoas com essa síndrome. Ou seja, a depender da pessoa, o ambiente pouco mudará seus comportamentos. No entanto, não devemos deixar de estimular e acreditar que os deficientes intelectuais possam atingir patamares intelectuais mais elevados. Se deixarmos de estimular e acreditar, os manteremos aprisionados a patamares ainda mais baixos que a média dessa população.
Ao me aproximar de outras famílias que possuem filhos(as) com a mesma síndrome, tenho visto comportamentos apreendidos de habituação, condicionamento clássico e operante, e inatos nesse grupo de pessoas, tais como: a forma de se sentar (normalmente quem tem síndrome de Down tem luxação de patela por conta da maneira como sentam) e portar, a forma carinhosa ou ríspidas de lidarem com determinadas pessoas (tem pessoas que eles gostam ou desgostam, mesmo conhecendo-os pela primeira vez), a forma de dormir, de caminhar, persistência em determinadas coisas, entre outras.
Como solução para os comportamentos inatos prejudiciais aos portadores de determinadas síndromes pode ser a modificação da memória no DNA de cada indivíduo. Segundo o Zan Mustacchi, MD, PHD, médico que acompanha meu filho, especialista em síndrome de Down, em consulta médica, ele abordou que há estudos científicos visando mitigar os efeitos da síndrome de Down através de determinadas modificações biológicas. Ainda, proponho uma mudança real e profunda na sociedade para de fato incluir os deficientes como um todo, ou seja, parar com a retórica, com a aceitação dissimulada e agir. Só assim, mudando de fato o ambiente social em que vivemos, proporcionaremos maiores aquisições de comportamentos para eles.
Referência:
PAIVA, Andréa; GONÇALVES, Robson; Neurobusiness: fundamentos, performance e resultado, 2022; Fundação Getúlio Vargas;


